Quando entrei na onda da Net, utilizando este pequeno barco leia-se: blog , tinha ideias assentes e concretas: divulgação de Fátima e do seu quotidiano, por constatar a inexistência de um veículo adequado no mundo blogueiro.
Agora, passados cerca de três meses, o balanço está feito. Das opiniões recebidas, retenho o essencial e seguirei em frente com os mesmos objectivos. Vou ampliar o leque de assuntos a tratar, sem perder de vista a meta que tracei. Ou seja, ser útil divulgando, mas tendo em conta o seu todo. Desejo dar o meu contributo pessoal não apenas no aspecto informativo, mas, de certa forma, congregar através deste espaço os anseios dos fatimenses residentes ou no exterior. Os riscos são grandes, dado que não poderei agradar a todos, mas não será isso que me impedirá de emitir opinião sobre as coisas, pessoas e acontecimentos desta cidade de Fátima. Aqui trabalho há 46 anos e resido como habitante de pleno direito. Conheço as suas gentes e elas conhecem-me. Embora trabalhe na comunicação social, é como cidadão que vou continuar a actuar, mas sem esquecer os meus deveres e direitos.
Fátima não é apenas a cidade-Santuário, é também uma urbe com todos os seus problemas e carências próprias de uma cidade em crescimento, mas que tem no Santuário o seu centro dinamizador no aspecto religioso. Quanto a isso, não há dúvidas. A sociedade civil vai, de certa forma, a reboque, sem no entanto assumir plenamente o seu papel no desenvolvimento de Fátima. Ourém é uma realidade, Fátima outra, mas as duas cidades dentro do mesmo concelho.
Vou tentar melhorar este sitio, mantê-lo sempre limpo e arejado, criando as condições para a participação de quem o deseje fazer, desde que respeite os princípios da sã convivência.
Quem concordar pode comentar, mas quem discordar deve comentar, é desta forma que eu me assumo.
Eduardo Santos
Maio de 2005
Na sua homilia, D. José Policarpo, lembrou o saudoso Papa João Paulo II, fazendo uma descrição da relação deste com Fátima, considerando que a sua acção é um legado de que A Igreja em geral e Fátima em particular ficam-lhe devedoras dessa coragem profética, que integra as aparições de Fátima na actual história da salvação. Disse ainda que João Paulo II amou tanto Fátima, que arrasta Fátima para o amor ao Papa, seja ele quem for e sejam quais forem as expressões pessoais de apreço por este Santuário.
Exprimiu ainda o desejo de que Fátima seja um lugar indiscutível de comunhão eclesial, manifestada na união ao Santo Padre, amor à sua pessoa e obediência ao seu magistério.
Referiu ainda: hoje estou aqui a cumprir uma promessa que fiz a Sua Santidade Bento XVI. E explicou: quando, no final do Conclave, chegou a minha vez de o cumprimentar e jurar-lhe comunhão e obediência, o Santo Padre agarrou-me as mãos e falou-me de Fátima. E eu prometi-lhe, e ele agradeceu-me, que no próximo dia 13 de Maio viria pôr aos pés de Nossa Senhora o seu Pontificado. Aqui estou a cumprir a promessa.
Pediu em seguida a todos os fieis que o acompanhassem com fé e amor naquele acto, acrescentando: Claro que o nosso coração exultará de alegria, se um dia pudermos renovar esta consagração com a presença física do Santo Padre neste Santuário.
A multidão de fieis presentes no recinto do Santuário de Fátima, participou com fé na assembleia litúrgica, indiferente ao tempo que se fazia sentir - a chuva fez o seu aparecimento, mas não demoveu ninguém.
Fátima representa para muitos crentes também uma reconciliação com o Senhor. Segundo fontes do Santuário, cerca de cinco mil fieis recorreram ao sacramento da Reconciliação. Também foi muito elevado o número de comunhões. Na benção dos doentes, estiveram presentes 781 pessoas.
Estes números devem merecer uma reflexão séria para cada um de nós.
Os peregrinos presentes saudaram com grande entusiasmo as palavras de D. Serafim Silva, quando este leu a mensagem enviada ao Santo Padre em nome de todos, na qual convidava S.S. a visitar o Santuário de Fátima. Esperamos ver e ouvir Vossa Santidade, muito em breve, aqui neste Santuário de Fátima, altar do mundo, a proclamar que a vontade salvífica de Deus, com a sua força abundante, vai encaminhando tudo e todos para o triunfo do Coração Imaculado de Maria, Mãe do único salvador, Jesus Cristo.
Santo Padre, temos saudade do Papa João Paulo II, que peregrinou três vezes a este Santuário e beatificou os Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. Mas também temos a grande alegria de receber o novo Papa, Bento XVI, que o Espírito Santo nos oferece.
Também a informação dada pelo Bispo de Leiria-Fátima de que o Papa Bento XVI havia anunciado nessa manhã a abertura do processo de beatificação e canonização de João Paulo II arrancou fortes aplausos.
A terminar a peregrinação, o Cardeal Patriarca de Lisboa, renovou a consagração ao Imaculada Coração de Maria, com o comprimisso e a defesa dos cristãos na promoção e defesa do dom, sem preço, que é a vida. Saiba cada um de nós promover, respeitar e defender em todas as circunstâncias, a integridade, a dignidade e os direitos do ser humano desejado ou imprevisto, são ou enfermo, escorreito ou deficiente desde o momento da sua concepção, em todas as etapas da sua existência, até à morte natural. Apelou ainda a Maria Mãe do Divino Amor, livrai-nos do egoísmo e da insensibilidade diante das graves carências de tantos irmãos nossos, sem pão, sem água, sem saúde, sem escola, sem liberdade, sem família, sem alegria.
Findou a peregrinação, os sinos repenicam a anunciar que está concluída mais uma jornada na vida destas pessoas que vieram á procura dos dons de Deus. Foi a fé que as trouxe, será que partem com mais ânimo e esperança ? Estamos em crer que sim.
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Se é verdade que uma imagem vale mil palavras, também será correcto dizer-se que uma imagem sem leitura poderá diminuir o seu valor. É isso que vou partilhar convosco, tentar fazer a leitura das fotos deste artigo. Não sou perito na matéria, mas vamos fazer uma acordo: eu farei o melhor que sei, vós ireis desculpar algum lapso que eu possa cometer, aceitam? Então vamos a isso.
Esta foto foi obtida no recinto do Santuário de Fátima que acolhia a Peregrinação Nacional dos Jovens e que teve lugar no domingo, dia 8 de Maio. Este jovem de aparência simples talvez na casa dos vinte anos já se encontrava lá quando cheguei. Distante, solitário, com a mochila e bicicleta ao lado, colocado sensivelmente a meio do recinto. Possivelmente, não fazia parte da peregrinação, mas ali esteve durante toda a celebração. De joelhos, de pé, em consonância com a liturgia. Deambulei pelo espaço circundante durante o acto religioso a necessidade de tirar fotos, a isso me obrigou -, mas nunca o perdi de vista e vislumbrei a sua postura recatada durante as cerimónias. O seu recolhimento levou-me a pensar que, apesar de distante dos outros peregrinos, permanecia em comunhão com eles. Terminada a procissão, segui rapidamente até ao local onde estava, mas não o encontrei, certamente tinha saído também. Fiquei com pena, gostava de ter dialogado um pouco com ele para tentar compreender a sua opção. Assim, ficaram tantas perguntas por fazer a este jovem mas que poderemos fazer a outros por exemplo: por que escolhem o isolamento e a solidão para fazer a sua oração? Será que têm razões ou motivações para isso? Porquê?
Na homilia da celebração eucarística, o Bispo de Leiria, D. Serafim Ferreira da Silva afirmou que os jovens deviam dar testemunho da sua fé, onde quer que fosse e mencionou: nas discotecas, campos de futebol etc., para logo de seguida os interpelar se sim ou não, recebendo como resposta um SIM bem audível. Aludindo ao dia das Comunicações Sociais, disse: nós queremos a paz, não a violência, queremos um mundo mais fraterno. Terminou, apelando aos jovens para assumirem com coragem a opção por um mundo melhor.
O ofertório foi, nesta liturgia, um dos momentos marcantes, com um coro uniforme a louvar o Senhor. Irmãos alegremo-nos e oferecemos o fruto do nosso trabalho. A juventude é assim: generosa e disponível.
Terminou a celebração da peregrinação e a procissão com Nossa Senhora está a reentrar na Capelinha, as pessoas acenam com os lenços, consumando um adeus sentido á Virgem de Fátima. A foto é tirada da retaguarda, os crentes estão de costas para o mundo, seguindo a Virgem. O andor é colocado na Capelinha novamente, é o momento para as despedidas intimas de cada um e o regresso para o mundo, certamente com o coração mais leve, aberto e solidário para os outros. As dificuldades do dia a dia, que marcam a vida destas pessoas, poderão ser agora mais suavizadas pela fé na protecção da Mãe do Céu.
A fé não é suficientemente explicável. É algo que se sente e muito difícil de transmitir no concreto, mas que assume contornos muito personalizados. Na imagem vemos um jovem casal, o homem caminhando de joelhos com o filho ao colo, já vem de regresso da Capelinha. Certamente está a cumprir alguma promessa feita em momento difícil. Com ele, cruza-se um rapaz mais jovem ainda que está de costas e que faz o percurso inverso. O que teria motivado as promessas de um e outro?
Eis uma família com várias gerações. A face daquela senhora deixa transparecer alguma dificuldade, mas continua socorrendo-se do apoio daqueles que a acompanham. Um pouco mais atrás uma mãe sozinha, com o seu filho ao colo, tapado com um pano branco, certamente para o proteger do sol. Não sabemos as razões que deram aso a estas promessas, certamente foi em casos-limite, aqueles em que nós não acreditamos nas capacidades e poderes humanos e nos voltamos para Nossa Senhora, intercessora junto de Deus. Isto é uma expressão de fé que raia, por vezes, os limites do sofrimento e estamos a lembrar-nos de uma outra foto que tiramos, onde se pode ver uma senhora já em idade bastante madura, rastejando ao longo da passadeira a caminho da Capelinha. Emitindo uma opinião muito pessoal, creio que não devemos criticar este tipo de promessas, o que conta nestes casos é a individualidade expressiva da fé, que cada um tem o direito de exercer. O Senhor é Deus de amor e misericórdia, certamente que acolhe todos e a cada um, segundo a rectidão de intenções. Eu, confesso que admiro a coragem dos crentes que assumem a sua fé desta forma, independentemente das opiniões dos outros.
Também os mais novos fazem promessas. Estas duas jovens que vemos como tantos outros o fazem com as velas na mão, dirigem-se para o local da oferta. Teriam prometido algo e vão agradecer ou será um pedido que vão fazer?
Estes dois jovens vieram de longe, os seus trajes são simbólicos. A diversidade de povos que visitam Fátima, permite-nos concluir que este local onde Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos em 1917 - e hoje uma cidade -, mantém as características fundamentais e é um ponto de encontro da humanidade.
Elegi esta foto para fecho do trabalho. As cerimónias da Peregrinação dos Jovens estavam a findar. No canto inferior esquerdo, esta menina - muito jovem - encaminha-se para a saída. Reparem na postura, mãos elevadas ao céu, concentrada, apesar de vir
Aljustrel dista 2 km de Fátima, foi nesta localidade que nasceram Lúcia, Jacinta e Francisco, os pastorinhos a quem Nossa Senhora apareceu no decorrer do ano de 1917. Hoje, Aljustrel é um marco vivo e histórico da cidade de Fátima.