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Fatima Cidade

Fatima Cidade

Pai nosso......

20.11.05, josedusantos
Fátima continua a ser um lugar onde muitos procuram - por vezes no silêncio dos seus corações - a paz interior e a força para viver a vida. Hoje tive ocasião de testemunhar isso mesmo. Na Basílica de Fátima, durante a celebração da missa das 19Horas, notei a entrada de uma senhora acomodada numa cadeira de rodas e que era conduzida por um homem ainda novo, na casa dos 35 a 40 anos, acompanhados de um senhor que aparentava ter perto de 60. A senhora teria idade idêntica. A sua postura de respeito ao fundo da igreja impressionou-me. Deduzi que seria uma família, possivelmente pais e filho. O homem mais novo conservou-se sempre atrás a segurar a cadeira, mas de vez em quando afagava com ternura a face da mãe e compunha o xaile. A senhora tinha um lenço na mão para limpar algumas lágrimas mais rebeldes que furtivamente deslizavam pelo rosto. No momento do Pai nosso, os três deram as mãos e recitaram a oração unidos, assim continuando alguns minutos. No momento da comunhão, foram receber o sacramento da eucaristia. No regresso, notei que a senhora chorava, pois levou várias vêzes o lenço à face. O homem mais novo pousava as mãos nos seus ombros e aconchegava-a. De vez em quando, passava-lhe a mão pela cabeça, como que a fazer uma festinha. A senhora segurou-lhe uma das mãos, retribuindo. Finda a Santa Missa, dirigiram-se ao altar e estiveram alguns minutos junto da imagem de Nossa Senhora que está no lado esquerdo, depois deslocaram-se para a direita orando junto das sepulturas dos Pastorinhos.
Após isso, eu saí. O tempo que demorei a percorrer a distância que separa a Basílica de Fátima a minha casa, foi uma oportunidade magnifica de pensar naquelas três pessoas. De onde seriam? O que as poderia ter levado a Fátima naquele fim de tarde/noite? Teriam ido agradecer algo, pedir a protecção da Virgem? De uma coisa fiquei ciente. Do carinho e amor que unia aqueles seres - possivelmente familia -, os gestos indiciavam isso mesmo. Recordo-me que senti enorme emoção quando os vi unidos, de mão dada, a recitar o Pai nosso.
Afinal, ainda há valores que são respeitados por muitos, crentes ou não, e Fátima continua a ser um espaço onde impera o silêncio das palavras que não ouvimos, mas onde, por vezes, os gestos dizem tudo.
Para aquela família e para todos vós que neste momento estais a ler estas linhas, eu desejo que encontrem aqui - ou em qualquer lugar - a paz de espírito que só podereis encontrar junto do Senhor.