NO LIMIAR DE 2006
31.12.05, josedusantos
Bagdad - foto de Gideon Long/Reuters
O ciclo de vida que se traduz em nascer, viver e morrer, alimenta o nosso desejo de existir.
Para aqueles que acreditam em Deus, a busca da perfeição é um objectivo, mas para quase todos, impõe-se a lei da sobrevivência. Apesar de tudo, a juventude continua à procura de ideais, muitas vezes não olhando ao perigo.
Vem isto a propósito da notícia de hoje do Correio da Manhã, onde é relatada a odisseia de Farris Hassan, um jovem norte-americano de 16 anos, filho de pais americanos oriundos do Iraque, que partiu para Bagdad aproveitando os 15 dias de férias escolares , tendo como finalidade experimentar as dificuldades por que passam os iraquianos, de maneira a poder compreender o seu sofrimento. Confesso que fiquei surpreendido. Para além da ingenuidade própria da idade, o facto de querer fazer um trabalho escolar de jornalismo, mas com realismo, merece a minha admiração. Que lição para tantos jornalistas que há por aí sentados à sua secretária.
Com o dinheiro da mesada e documentação originária dos pais, foi à aventura para verificar a realidade do país. Depois de tantos dias de viagem, acabou por ficar apenas um dia em Bagdad, tempo suficiente para arriscar a vida várias vezes. Quando o encontraram, limitou-se a dizer este é um dos piores lugares do mundo, mas quando voltar para casa, vou apreciar muito mais tudo o que tenho, vou beijar o chão e abraçar toda a gente.
Acham que este jovem esquecerá esta autêntica aventura? Penso que não.
Que melhor forma poderia este moço ter encontrado para começar um Novo Ano?