Juventude Solidária ou solitária?
Os jovens em Fátima
prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />
</a>
Se é verdade que uma imagem vale mil palavras, também será correcto dizer-se que uma imagem sem leitura poderá diminuir o seu valor. É isso que vou partilhar convosco, tentar fazer a leitura das fotos deste artigo. Não sou perito na matéria, mas vamos fazer uma acordo: eu farei o melhor que sei, vós ireis desculpar algum lapso que eu possa cometer, aceitam? Então vamos a isso.
Esta foto foi obtida no recinto do Santuário de Fátima que acolhia a Peregrinação Nacional dos Jovens e que teve lugar no domingo, dia 8 de Maio. Este jovem de aparência simples talvez na casa dos vinte anos já se encontrava lá quando cheguei. Distante, solitário, com a mochila e bicicleta ao lado, colocado sensivelmente a meio do recinto. Possivelmente, não fazia parte da peregrinação, mas ali esteve durante toda a celebração. De joelhos, de pé, em consonância com a liturgia. Deambulei pelo espaço circundante durante o acto religioso a necessidade de tirar fotos, a isso me obrigou -, mas nunca o perdi de vista e vislumbrei a sua postura recatada durante as cerimónias. O seu recolhimento levou-me a pensar que, apesar de distante dos outros peregrinos, permanecia em comunhão com eles. Terminada a procissão, segui rapidamente até ao local onde estava, mas não o encontrei, certamente tinha saído também. Fiquei com pena, gostava de ter dialogado um pouco com ele para tentar compreender a sua opção. Assim, ficaram tantas perguntas por fazer a este jovem mas que poderemos fazer a outros por exemplo: por que escolhem o isolamento e a solidão para fazer a sua oração? Será que têm razões ou motivações para isso? Porquê?
Na homilia da celebração eucarística, o Bispo de Leiria, D. Serafim Ferreira da Silva afirmou que os jovens deviam dar testemunho da sua fé, onde quer que fosse e mencionou: nas discotecas, campos de futebol etc., para logo de seguida os interpelar se sim ou não, recebendo como resposta um SIM bem audível. Aludindo ao dia das Comunicações Sociais, disse: nós queremos a paz, não a violência, queremos um mundo mais fraterno. Terminou, apelando aos jovens para assumirem com coragem a opção por um mundo melhor.
O ofertório foi, nesta liturgia, um dos momentos marcantes, com um coro uniforme a louvar o Senhor. Irmãos alegremo-nos e oferecemos o fruto do nosso trabalho. A juventude é assim: generosa e disponível.
Terminou a celebração da peregrinação e a procissão com Nossa Senhora está a reentrar na Capelinha, as pessoas acenam com os lenços, consumando um adeus sentido á Virgem de Fátima. A foto é tirada da retaguarda, os crentes estão de costas para o mundo, seguindo a Virgem. O andor é colocado na Capelinha novamente, é o momento para as despedidas intimas de cada um e o regresso para o mundo, certamente com o coração mais leve, aberto e solidário para os outros. As dificuldades do dia a dia, que marcam a vida destas pessoas, poderão ser agora mais suavizadas pela fé na protecção da Mãe do Céu.
A fé não é suficientemente explicável. É algo que se sente e muito difícil de transmitir no concreto, mas que assume contornos muito personalizados. Na imagem vemos um jovem casal, o homem caminhando de joelhos com o filho ao colo, já vem de regresso da Capelinha. Certamente está a cumprir alguma promessa feita em momento difícil. Com ele, cruza-se um rapaz mais jovem ainda que está de costas e que faz o percurso inverso. O que teria motivado as promessas de um e outro?
Eis uma família com várias gerações. A face daquela senhora deixa transparecer alguma dificuldade, mas continua socorrendo-se do apoio daqueles que a acompanham. Um pouco mais atrás uma mãe sozinha, com o seu filho ao colo, tapado com um pano branco, certamente para o proteger do sol. Não sabemos as razões que deram aso a estas promessas, certamente foi em casos-limite, aqueles em que nós não acreditamos nas capacidades e poderes humanos e nos voltamos para Nossa Senhora, intercessora junto de Deus. Isto é uma expressão de fé que raia, por vezes, os limites do sofrimento e estamos a lembrar-nos de uma outra foto que tiramos, onde se pode ver uma senhora já em idade bastante madura, rastejando ao longo da passadeira a caminho da Capelinha. Emitindo uma opinião muito pessoal, creio que não devemos criticar este tipo de promessas, o que conta nestes casos é a individualidade expressiva da fé, que cada um tem o direito de exercer. O Senhor é Deus de amor e misericórdia, certamente que acolhe todos e a cada um, segundo a rectidão de intenções. Eu, confesso que admiro a coragem dos crentes que assumem a sua fé desta forma, independentemente das opiniões dos outros.
Também os mais novos fazem promessas. Estas duas jovens que vemos como tantos outros o fazem com as velas na mão, dirigem-se para o local da oferta. Teriam prometido algo e vão agradecer ou será um pedido que vão fazer?
Estes dois jovens vieram de longe, os seus trajes são simbólicos. A diversidade de povos que visitam Fátima, permite-nos concluir que este local onde Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos em 1917 - e hoje uma cidade -, mantém as características fundamentais e é um ponto de encontro da humanidade.
Elegi esta foto para fecho do trabalho. As cerimónias da Peregrinação dos Jovens estavam a findar. No canto inferior esquerdo, esta menina - muito jovem - encaminha-se para a saída. Reparem na postura, mãos elevadas ao céu, concentrada, apesar de vir prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />